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Espetáculo O Cantil convida o espectador, num silêncio sonoro, a se envolver com o enredo da peça, de maneira que ele próprio construa esse enredo mentalmente.
Nenhuma palavra é dita, a não ser na mente do espectador. O trabalho seria árduo, se não houvesse uma história dita pelas ações dos atores – divididos na cena em atores-bonecos e atores-manipuladores. História no corpo, precisamente codificado em seus detalhes. Lá se encontram expressos com primor os elementos da poética de Brecht: o estranhamento, por exemplo, por vezes apresentado em pausas fotográficas, paralisias na ação dos personagens.
Suspense. Repetição.
Se for preciso dar o cabido valor ao espetáculo criado pelo grupo Teatro Máquina, digo que é da ordem do imperdível. Uma obra de arte! Evoé, Teatro Máquina! Vida longa ao cantil!
(Juliana Carvalho, atriz e educadora)
O Cantil surgiu de uma vontade antiga de trabalhar com A Exceção e a Regra, peça escrita por Bertolt Brecht em 1938. Nesse novo projeto, o Teatro Máquina pretende enveredar pelo universo oriental, através do estudo e da experimentação de técnicas de manipulação direta e aparente, investigando as relações possíveis entre ator e manipulador, ação e representação, repetição e descoberta gestual.
No teatro convencional o ator já é um manipulador, porque manipula um corpo que não é seu, mas sim o do personagem. O boneco, portanto, seria uma extensão dessa idéia. Para a manipulação desse boneco é necessária uma atitude distanciada do manipulador em relação a ele, o que naturalmente já se dá no relacionamento com bonecos.
A pesquisa do grupo Teato Máquina pretende descobrir uma disciplina para o trabalho do ator, que propõe ao performer a possibilidade do anular-se, do ceder espaço, de se colocar em segundo plano para que a situação do personagem se revele através do boneco.
Então, perguntamos; “Como seria a relação entre o ator e o boneco? entre o ser e o não ser? entre o corpo imóvel na cena e o objeto?
Confira e confeccione tuas respostas!
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Escrito por Juliana Carvalho no site TEMBIÚ – Alimento de Alma.
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